#1 Lendo o Mundo: Irlanda — As Viagens do Gulliver, de Jonathan Swift

Banana Dinamite
5 min readSep 20, 2019

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Nada melhor do que começar uma viagem com o veículo certo: um livro sátiro sobre viagens! Se você nunca leu Jonathan Swift, talvez não conheça seu humor para falar das coisas do seu tempo e fazer as devidas críticas, já que, desde daquela época, as coisa já andavam meio hipócritas.

Gulliver na ilha de Lilliput

Escrito em 1926, “As Viagens de Gulliver” é uma sátira dos livros de viagens de sua época. O livro é recheado com detalhes sobre as desventuras que Gulliver sofre durante as 4 partes do livro. Em cada uma delas, aprende o idioma nativo, familiariza com os costumes e leis, faz amizades com reis, chefes de estado e outras autoridades, sofre ameaças de assassinato, salva reinos, vira brinquedo de gigantes, sofre um naufrágio, vira animal doméstico de cavalos, é roubado, deduz coordenada de ilhas sem nenhuma ferramenta e descobre uma ilha que flutua.

Gulliver em Brobdingnag

Com um enredo às vezes lento, outras agitado, Swift escreveu uma espécie de diário de bordo do capitão que parecia entediado com sua vida boa e família. Durante a história, há várias sátiras em relação a outros livro do sub-gênero de aventura e a outras obras literárias, como “Utopia” de Thomas More e “A República” de Platão.

Jonathan Swift

Para quem conhece o livro, mas nunca leu sobre o autor, aqui vai alguns fatos:

  1. Swift nasceu na Irlanda e era filho de pais ingleses, o que pode explicar os odes sobre sua amada Inglaterra durante os capítulos. (Especulação)
  2. Tinha problemas com a família, sendo “cedido” pela mãe e tendo que viver de favores com outros familiares.
  3. Tentou escrever poesia, porém descobriu-se na sátira.

Um detalhe interessante sobre o livro é que é uma leitura absolutamente universal, o que fez com que fosse um livro popular desde a primeira publicação, em 1726.

Detalhes presentes na obra:

  • Sátira Clássica: O livro apresenta de forma debochada problemas mundias (como corrupção) e específicos (pertinentes da Inglaterra e Irlanda na época). Mesmo sendo considerada como “clássica”, é possível ver que muitos problemas apontados ainda ocorrendo.
  • Mudança de Perspectiva: Apresentada de forma literal no enredo, com o personagem ora gigante, poderoso, um monstro para a sociedade, ora pequeno, insignificante, frágil. Por fim, é visto como o ser selvagem, propagador da mentira e da maldade.

Indicação:

Para você que chegou até aqui e gostou do que o livro promete, manda a ver! O livro pode parecer difícil em alguns pontos(depende a edição e da tradução), mas é um clássico: dispensa maiores exaltações para te motivar a ler.

Mas se apenas este fato não te convencer, aqui vão 5 motivos e 3 indicações relacionados a obra.

  1. Para quem olhou o filme “As Viagens de Gulliver”, dirigido por Rob Letterman, aviso: o filme realmente só traz metade do livro. O que se perde muito, porque tem mais 2 partes e outros detalhes que não são comentados, como a ilha flutuante, os necromantes e a ilha com os yahoos.
  2. O livro faz algumas citações sobre política que na atual conjuntura nossa (estou falando de Brasil) é um tapa na cara e nos faz repensar coisas que estávamos tomando como verdade sem bases fortes. Colaborando com esta experiência, quero lembrar que este livro é um pouquinho velhinho, mas consegue ser atemporal por este e outros detalhes.
  3. É muito interessante as críticas feitas sobre a humanidade na quarta parte. Quando Swift faz a mudança de perspectiva, tirando de nós esse orgulho de ser “animais racionais”, fez uma análise dura sobre várias corrupções e maldades que estão presente em nós — Minha opinião, claro.
  4. Questão histórica. Na edição que li, havia várias notas sobre fatos mencionados com costumes e fatos históricos da época que o autor nos deu um vislumbre e sua opinião a respeito.
  5. É um livro que referencia outros livros e pessoas de grande peso histórico, mesmo satirizando em alguns momentos. Faz questionamento e apresenta ideias bacanas para a época de escrita, como uma justiça voltada a bonificar quem é correto e honesto. Outro ponto brilhante do livro são as críticas dirigidas a ciência e a academia na parte 3. Acho que este ponto é o menos comentado por ser o mais real em toda narrativa. E logo, a parte mais vergonhosa.

Bônus: Está na lista dos 1.001 livros para ler antes de morrer!

Post do instagram bananadinamite

Por fim, materiais relacionados com a obra que valem a pena ser consumidos:

  • Vida e Obra de Jonanthan Swift- Fascículo impresso que acompanha o livro “As Viagens de Gulliver” da editora Nova Cultural. Como não tem esse material online, deixo este link que já ajuda muito.
  • Este vídeo do programa Literatura Fundamental, onde o livro foi apresentado com a contribuição da pesquisadora Mariana Teixeira Marques, professora da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Unifesp, a Universidade Federal de São Paulo. Link aqui
  • Audiolivro do Gulliver, feito pelo projeto Livro Livre, que pode ser acessado por este link.
Gulliver vê Laputa

Minha classificação pessoal (sem nenhuma base crítica):

Curti muito ler!

Ah, quase me esqueci. Tem uma releitura em história em quadrinhos desenhada pelo Milo Manara (eu acho lindas as ilustrações, embora a sexualização da mulher. Foda, mas lindo) que eu curti muito e quero indicar!

Boa leitura!

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Banana Dinamite

A liquidez da minha alma transborda na literatura, e, às vezes, na dança.